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Dia Internacional de Luta e Resistência da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha - 25 de julho

Eunice Léa de Moraes - colaboradora da Xaraés Consultoria e Projetos

Feminista. Socióloga. Professora da FAED/ICED/UFPA. Ex-Assessora da Ministra Luiza Bairros na SEPPIR. Doutoranda do PPGED/ICED/UFPA

O Dia Internacional da Luta e Resistência da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho, foi estipulado em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana. No Brasil, desde 2014, homenageia nessa data, Tereza de Benguela, importante líder quilombola do século XVIII.

Muitas terezas, dandaras, marias, joanas, lélias, luizas, anas, raimundas e tantas outras sem nome,que lutaram, resistiram e morreram vítimas dos sistemas opressores de classe, raça e gênero que marcam a trajetória das mulheres negras.

Lembrando Sueli “[...] as vozes silenciadas e os corpos estigmatizados de mulheres vítimas de outras formas de opressão além do sexismo, continuaram no silêncio e na invisibilidade.”(CARNEIRO, 2013),

As mulheres negras tem uma trajetória histórica de resistências política, ideológica, teórica e prática de enfrentamento ao racismo, sexismo e de estereótipos, que assinalam o surgimento do pensamento feminista negro,como um aspecto que demarca a diferença construída nos saberes das vivencias e experiências de mulheres.

A intelectual e ativista negra, ícone da luta contra o racismo no Brasil, Lélia Gonzáles nos diz: “[...] O que eu percebo é que o nosso cultural nos dá elementos muito fortes no sentido da nossa organização enquanto mulheres negras. (GONZALES, 1991)

As mulheres escravas “passaram para as suas descendentes nominalmente livres um legado de trabalho pesado, perseverança e auto resiliência, um legado de tenacidade, resistência e insistência na igualdade sexual – um legado do que fala das bases de uma nova natureza feminina” (DAVIS,2013).

As mulheres negras continuam marchando, denunciando e anunciando uma nova natureza feminina, que rompe com a visão eurocentrica do ser mulher universalizante, descolada das dimensões de classe, raça e gênero.

“Não cabemos mais no mesmo lugar, aconteça o que acontecer.” (BAIRROS, 2014)

Referência bibliográficas

  1. BAIRROS, Luiza. Frase contida em entrevista de Luiza Bairros à SEPPIR registrada na publicação: “Seppir – promovendo a igualdade racial para um Brasil sem racismo”. Brasília, 2014.

  2. CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. In: Estudos avançados, n. 17 (49), S.Paulo, dezembro,2003.

  3. DAVIS, Ângela. Mulher, Raça e Classe. Tradução Livre. Plataforma Gueto,2013.

  4. GONZÁLES, Lélia. Entrevista ao Jornal do Movimento Negro Unificado –MNU, 1991.

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